terça-feira, 20 de outubro de 2020

VENCENDO COM A FORMAÇÃO MAROCZY

 

Geza Maroczy (1870-1951) foi um Grande Mestre de xadrez nascido na Hungria. Ele foi um notável teórico, e fez contribuições importantes para a teoria de aberturas. Além disso, teve atuação destacada em vários torneios, chegando a ser campeão das Olimpíadas de 1927 com a equipe do seu país, e recebeu muitos prêmios de brilhantismo por suas partidas. Consta ainda que Maroczy foi mestre da enxadrista Vera Menchik, a primeira campeã mundial de xadrez feminino, e atuou como organizador de competições, a exemplo do Campeonato Mundial de 1935, celebrado na Holanda.

 

Geza Maroczy

 

Uma das contribuições de Maroczy na área das aberturas é a estrutura de peões conhecida como "Formação Maroczy", que no idioma espanhol recebe os sugestivos nomes de El nudo de Maroczy (o nó de Maroczy) e El lazo de Maroczy (o laço de Maroczy), e em inglês é chamada de Maroczy bind. Essa estrutura é caracterizada pela presença de peões centrais nas casas e4 e c4, quando se joga com as brancas, e c5 e e5, quando se joga de negras. Ela costuma ocorrer principalmente na Defesa Siciliana - Variante Dragão, depois da sequência 1. e4 c5 2. Cf3 Cc6 3. d4 cxd4 4. Cxd4 g6 5. c4, mas também se produz em algumas variantes da Abertura Inglesa e nas Defesas Índia da Dama e Nimzoíndia. 

 

Posição clássica do "Nó de Maroczy"

 

Conforme se observa no diagrama acima, o posicionamento dos peões brancos em e4 e c4, aliado ao domínio da coluna semiaberta d, dificulta as rupturas típicas que as negras costumam executar na Defesa Siciliana, à base de d5 e b5. Graças à dificuldade em libertar seu jogo com essas rupturas, as negras são reduzidas a uma posição passiva, sem possibilidades de contra-jogo, e vão sendo "apertadas" pouco a pouco, daí a origem da expressão "Nó de Maroczy". Apesar de existirem métodos para se lutar contra essa formação de peões, na prática resulta difícil jogar contra ela, de modo que é interessante tentar implementá-la sempre que possível em nossas partidas. O GM russo Mikhail Botvinnik era considerado um grande especialista na técnica de manejar este tipo de estrutura e estrangular o rival. Na partida que iremos reproduzir a seguir, jogada contra Lilienthal em 1936, veremos como ele vai sistematicamente reduzindo seu adversário à passividade, para finalmente alcançar a vitória. Vamos acompanhar.

 

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