sábado, 31 de agosto de 2019

OS 14 GRANDES MESTRES BRASILEIROS - GIOVANNI VESCOVI


Nesta última publicação de agosto, iremos falar a respeito do GM Giovanni Vescovi, o oitavo enxadrista da lista constante do e-book Os 14 Grandes Mestres brasileiros: e o que você pode aprender com eles, de autoria do GM Rafael Leitão. Vejamos o que Leitão tem a dizer sobre ele.


GIOVANNI VESCOVI


O enxadrista brasileiro Giovanni Vescovi (Porto Alegre, 1978) começou logo aos 3 anos de idade a jogar xadrez. Em 1987, tornou-se vice-campeão mundial mirim, sendo o primeiro brasileiro a conquistar esse feito. Grande Mestre desde o ano de 1998, Vescovi já participou de campeonatos em mais de 30 países, tendo o domínio de cinco idiomas. No início de 2010 era o melhor enxadrista brasileiro e 64º do mundo, conquistando, ao final desse mesmo ano, seu sétimo título nacional de xadrez.
Em 2012, teve sua última participação na Olimpíada de Xadrez de Istambul. A inatividade do enxadrista na lista oficial da FIDE se deu porque ele passou a se dedicar ao mercado financeiro, como disse o próprio Vescovi em entrevista concedida ao GM Leitão (confira a entrevista clicando aqui: https://www.youtube.com/watch?v=4qquJDkFmTg).
A "rivalidade" entre Vescovi e Leitão, uma das maiores do xadrez brasileiro, começou cedo, pois se enfrentaram pela 1ª vez em 1987. 

Estilo de jogo:

Vescovi tem um estilo de jogo universal, o que lhe permite jogar bem qualquer tipo de posição. Ele nunca deu ênfase exagerada à preparação de abertura e o ponto forte do seu jogo é o cálculo de variantes, tendo sido bastante influenciado pelas ideias do Garry Kasparov. Seu estilo é marcado pelo grande espírito de luta, jogando sempre para ganhar.

O que você pode aprender com ele?

Observando as partidas do GM Giovanni Vescovi você vai perceber a importância que ele sempre deu ao cálculo de variantes.
O bom cálculo de variantes (capacidade de ver várias jogadas à frente) é uma das principais habilidades para um enxadrista e deve ser trabalhada preferencialmente em toda sessão de treinamento. O ideal é que você tenha um bom livro de combinações, de preferência dividido por temas táticos, e resolva alguns exercícios todos os dias.

Partida memorável:

Como partida memorável e representativa do estilo de Giovanni Vescovi, o GM Rafael Leitão indica o seguinte jogo, no qual o GM brasileiro, depois de uma luta prolongada, consegue superar um dos jogadores mais fortes do mundo, o bielorusso naturalizado israelense Boris Gelfand, que na época em que a partida foi jogada era o n.º 15 do ranking mundial: http://www.chessgames.com/perl/chessgame?gid=1272753 


GM Giovanni Vescovi (1978 -      )


FONTE:

LEITÃO, Rafael. Os 14 Grandes Mestres Brasileiros: e o que você pode aprender com eles. E-book disponibilizado para download gratuitamente.
  

ALEKHINE, O MAIOR DE TODOS


Estou convencido de que o quarto Campeão Mundial de xadrez, Alexander Alekhine, foi o maior jogador de ataque de todos os tempos! O próprio Kasparov ratifica essa opinião, ao afirmar, em seu livro Aprenda xadrez com Garry Kasparov, que Max Euwe "havia jogado mais de 70 partidas contra o maior de todos os magos do ataque, Alexander Alekhine".


Alexander Alekhine, o mais talentoso jogador de ataque da história


Frequentemente, Alekhine escolhia seus lances com o objetivo de explorar os recursos táticos da posição, conseguindo assim executar ataques espetaculares. Sua visão combinatória era extraordinária, simplesmente incomparável. A visão combinatória, como o próprio nome indica, é a capacidade que o enxadrista tem de enxergar as combinações e os golpes táticos durante a partida. Na posição do diagrama mostrado abaixo, Alekhine foi capaz de realizar uma verdadeira obra de arte, que revela todo o seu potencial ofensivo.


Alekhine - Feldt
Tarnopol, 1916



Vamos examinar a posição do diagrama, uma típica posição de meio-jogo: o material está igualado, e, com exceção da debilidade do peão atrasado de e6, parece que as negras não têm muito com o que se preocupar. Nesse momento, porém, Alekhine dá início a uma combinação arrasadora, que termina a partida rapidamente.

1. Cf7!! Rxf7 2. Dxe6+!! Rg6 (Se 2. ...Rxe6 3. Cg5 mate) 3. g4! Be4 4. Ch4 mate.

Um ataque sensacional, característico do estilo profundo e imaginativo do Grande Mestre russo. E o que torna essa combinação ainda mais admirável é o fato de ela ter sido produzida durante uma sessão de simultâneas às cegas!!

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

PENSAMENTO DO DIA


"O xadrez é um jogo em que o jogador precisa levar em consideração as intenções do oponente e não apenas os seus próprios planos. É um jogo cruel. O menor erro pode arruinar os esforços de longas horas. O conflito é constante, desde o primeiro lance de uma partida. O xadrez não se joga com as mãos, mas com o intelecto" (C. S. Soares).



quarta-feira, 28 de agosto de 2019

OS 14 GRANDES MESTRES BRASILEIROS - GILBERTO MILOS


Dando prosseguimento a nossa série de postagens sobre os 14 Grandes Mestres brasileiros, com base no e-book do GM Rafael Leitão intitulado Os 14 Grandes Mestres brasileiros: e o que você pode aprender com eles, hoje iremos apresentar aos leitores um pouco sobre a vida e a carreira do GM Gilberto Milos, o sétimo da lista. Na minha humilde opinião, Milos é o segundo mais forte enxadrista da história do xadrez nacional, abaixo apenas do lendário Henrique Mecking.


GILBERTO MILOS


Gilberto Milos (São Paulo, 1963) recebeu o título de Mestre Internacional em 1984 e de Grande Mestre em 1988. Conquistou seis títulos nacionais entre os anos de 1984 e 1995 e participou da equipe olímpica em diversas ocasiões, além de ter representado nosso país em várias Copas do Mundo. Dentre suas mais notáveis conquistas estão os quatro títulos do Campeonato de Xadrez da América do Sul, sendo o último em 2007, além de expressivas colocações em Campeonatos Mundiais da FIDE. É preciso destacar também que Milos foi treinador do GM Rafael Leitão durante muitos anos, desde que o maranhense passou a residir em Americana-SP, em 1995. Rafael considera Milos um dos grandes responsáveis por sua conquista do título mundial sub-18 em 1996 e do seu título de GM, dois anos mais tarde. Em agosto de 2018, Milos aparece como “inativo” na lista de rating da FIDE, por estar há mais de um ano sem jogar partidas oficiais.

Estilo de jogo:

Gilberto Milos é um grande conhecedor dos clássicos e tem um vasto entendimento de todo o legado do xadrez. A maior qualidade do Grande Mestre é que ele pode jogar bem em qualquer tipo de posição, o que o torna um jogador de estilo universal. 

O que você pode aprender com ele?

O GM Gilberto Milos se destaca por ser um profundo conhecedor dos clássicos. Ele sabe que para aperfeiçoar o entendimento do jogo é necessário aprofundar os estudos sobre os modelos dos grandes mestres do passado, avaliando, dentre outros, sua tomada de decisão, os planos típicos de determinadas situações, o estilo de jogo. Portanto, estude os clássicos para melhorar sua força prática!

Partida memorável:

Conhecido por seu conhecimento enciclopédico e sua facilidade de jogar em qualquer tipo de posição, Milos colecionou vitórias contra alguns dos melhores enxadristas do mundo, incluindo o criativo Alexander Morozevich. Acompanhe esta partida por meio do link abaixo: 


GM Gilberto Milos (1963 -      )


FONTE:

LEITÃO, Rafael. Os 14 Grandes Mestres Brasileiros: e o que você pode aprender com eles. E-book disponibilizado para download gratuitamente.
 

VEM AÍ O NORDESTÃO 2019


Será realizado no próximo final de semana (dias 30 e 31/08 e 01/09), na cidade de Recife-PE, o tradicional Aberto do Brasil Memorial Miguel Arraes, o famoso "Nordestão", que este ano estará em sua 12ª edição.
O torneio será disputado nas dependências do Hotel Marante Executive, e terá a organização do MN Yoshio Hiramine, arbitragem do AI Igor Macedo e Direção do MF Marcos Asfora.
De acordo com a última atualização do Nordestão no site Chess Results (https://chess-results.com/tnr464906.aspx?lan=10), a competição conta com 70 inscritos até o presente momento. A Paraíba estará sendo representada por uma forte delegação, formada pelos enxadristas Francisco Cavalcanti, Luismar Brito, Doriedson Lemos, Roberto Andrade, Marcello Urquiza, dentre outros.
Segundo informado no regulamento do torneio, o Nordestão irá classificar 01 jogador para a final e 04 jogadores para a semifinal (Região II) do Campeonato Brasileiro Absoluto de 2019.



 

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

FALECIMENTO DE PAL BENKO


A comunidade enxadrística internacional recebeu no dia de hoje, 26 de agosto de 2019, a notícia do falecimento do Grande Mestre Pal Benko. Ele estava com 91 anos de idade, e a causa de sua morte não foi divulgada.


Pal Benko no Interzonal de Amsterdã (1964)


Pal Charles Benko nasceu na França, em 1928, mas seus pais eram provenientes da Hungria. Ele participou duas vezes do Torneio de Candidatos ao título mundial, e foi autor de livros e compositor de estudos e problemas de xadrez. Foi ele também o idealizador do Gambito Benko, que se caracteriza pelos lances 1. d4 Cf6 2. c4 c5 3. d5 b5, linha de jogo que ele popularizou e utilizou com sucesso.


Benko ao lado de um mural em que se mostra a posição do gambito que leva seu nome


Após se destacar como enxadrista em seu país de origem, a Hungria, Benko emigrou para os Estados Unidos em 1958. Lá, o GM húngaro-americano desempenhou um papel de fundamental importância na conquista do título mundial por Bobby Fischer, isso porque Bobby não havia se qualificado para disputar o ciclo do Campeonato Mundial, por ter boicotado o Campeonato dos Estados Unidos de 1969, competição que funcionava como um torneio zonal. Foi aí que Benko, que havia se qualificado no Zonal dos Estados Unidos, decidiu (voluntariamente e sem pressão de ninguém, segundo ele mesmo declarou) ceder sua vaga para que Bobby Fischer pudesse disputar o ciclo do Campeonato Mundial, colocando-o assim no caminho do título máximo do xadrez. Algumas fontes afirmam que Benko teria recebido a quantia de dois mil dólares em troca da vaga cedida a Fischer, mas ele explicou que essa taxa foi recebida por ele como pagamento pelos seus serviços prestados como segundo dos GMs norte-americanos Reshevsky e Addison.


Benko ao lado de Susan Polgar, que lamentou em seu perfil do twitter a morte do amigo


Ao longo de sua extensa carreira, Pal Benko venceu o Aberto dos Estados Unidos oito vezes (1961, 1964, 1965, 1966, 1967, 1969, 1974 e 1975), e disputou sete Olímpiadas de Xadrez, jogando tanto pela equipe da Hungria quanto pela dos EUA. Em seus duelos contra os melhores enxadristas do planeta, Benko teve a oportunidade de derrotar quatro Campeões Mundiais: Smyslov, Tal, Petrosian e Fischer. Queremos externar nossa tristeza pela perda desta figura expressiva do mundo do xadrez, que será para sempre lembrado pelo enorme legado que deixa a todos nós, praticantes da Arte de Caíssa... descanse em paz, GM Pal Benko!
 

OS 14 GRANDES MESTRES BRASILEIROS - FELIPE EL DEBS


Hoje falaremos a respeito de Felipe El Debs, o sexto GM que compõe a lista de Grandes Mestres brasileiros apresentada no e-book intitulado Os 14 Grandes Mestres brasileiros: e o que você pode aprender com eles, de autoria do GM Rafael Leitão. Vamos lá:


FELIPE EL DEBS 


Nascido em São Carlos-SP em 1985, recebeu o título de Grande Mestre em 2010, obtendo a norma decisiva no Memorial Wanderley Cason de Melo, em Campinas. Felipe finalizou o campeonato de forma invicta, com nove pontos, dentre treze possíveis, vencendo dois dos cinco Grandes Mestres participantes.
No Campeonato Brasileiro sub-20 de 2005, no qual tornou-se Mestre FIDE, o título veio para coroar uma atuação perfeita, com 100% de aproveitamento.
Recentemente, El Debs conquistou a vaga para participar de sua primeira Copa do Mundo, que aconteceu em agosto de 2017 em Tbilisi, na Geórgia. Ele é o atual nº 7 do ranking nacional e integrou a equipe olímpica brasileira em Tromso-2014 e Baku-2016.

Estilo de jogo:

Felipe El Debs é um jogador extremamente sólido e gosta de estruturas que deixem a posição protegida e controlada. Com isso, em regra, ele não corre riscos desnecessários. Ele costuma tomar decisões práticas e não perde tempo quando a posição é complexa, uma grande vantagem para evitar apuro de tempo.

O que você pode aprender com ele?

Muitos enxadristas perdem pontos preciosos em virtude da má administração do tempo, portanto é necessário saber como conduzir a partida para não cair nessa armadilha.
E você pode aprender a fazer isso estudando as partidas do GM Felipe El Debs, que toma decisões práticas, sem perder tempo exagerado em posições complexas, fator decisivo quando o assunto é evitar o apuro de tempo.
Lembre-se que existem técnicas específicas para que sejam tomadas decisões mais rápidas e elas podem e devem ser inseridas no seu treino!

Partida memorável:

Como partida memorável e representativa do estilo de Felipe El Debs, o GM Rafael Leitão indica o seguinte jogo, no qual El Debs, após destruir a defesa adversária com lances de grande beleza e precisão, consegue desfechar um xeque-mate em ninguém menos que o francês Maxime Vachier Lagrave, um dos enxadristas mais fortes do mundo na atualidade! Acompanhe essa magnífica partida por meio do link abaixo: 


GM Felipe El Debs (1985 -     )


FONTE:

LEITÃO, Rafael. Os 14 Grandes Mestres Brasileiros: e o que você pode aprender com eles. E-book disponibilizado para download gratuitamente.
  

domingo, 25 de agosto de 2019

SEÇÃO MEMÓRIA


Em 25 de agosto de 1903, nascia na Hungria Arpad Emrick Elo, inventor do sistema de pontuação denominado rating. Em 1913, com dez anos de idade, emigrou com sua família para os Estados Unidos, onde se radicou. 
Atuou como professor de Física na Universidade de Marquette, localizada na cidade de Milwaukee, no estado de Winsconsin (norte dos Estados Unidos). Como enxadrista, Elo venceu várias vezes o campeonato estadual de Winsconsin.


Arpad Elo (1903 - 1992)


Em 1935, Arpad Elo foi eleito presidente da antiga American Chess Federation (Federação Americana de Xadrez). Em 1939, fundou a atual USCF - United States Chess Federation (Federação de Xadrez dos Estados Unidos). Em 1959, começou a desenvolver e a calcular o rating em clubes. O seu sistema de avaliação da força relativa dos enxadristas, chamado de rating ou elo, foi usado pela primeira vez pela USCF em 1960, e em 1970 a FIDE oficializou sua utilização. Arpad Elo faleceu em Milwaukee (EUA), no dia 05 de novembro de 1992.
 

sábado, 24 de agosto de 2019

O FORMIDÁVEL SULTAN KHAN


Muitos anos antes de Viswanathan Anand e de seus compatriotas brilharem nas competições internacionais, um outro jogador hindu causou sensação no mundo do xadrez. O nome dele era Mir Malik Sultan Khan, e hoje falaremos um pouco a respeito da sua vida e de sua curta mas fulgurante trajetória nos tabuleiros. Grande parte dos estudiosos da história do nobre jogo acredita que o cubano José Raul Capablanca tenha sido o maior exemplo de talento natural para o xadrez em todos os tempos. Confesso que também acreditei nisso por bastante tempo, porém, ao ler a biografia de Sultan Khan, acabei me convencendo de que ele era assombrosamente talentoso, mais talentoso do que o próprio Capablanca! Leiam o texto a seguir e tirem suas conclusões.

Mir Malik Sultan Khan nasceu no ano de 1905, na Índia, que, naquela época, era uma colônia pertencente à Grã-Bretanha. Consta que aos 9 anos de idade ele aprendeu com seu pai o xadrez indiano, uma variação do xadrez moderno, com algumas modificações nas regras. Aos 21 anos, já era considerado o mais forte jogador do Punjab, província da Índia onde ele vivia.


Sultan Khan (1905-1966)
 
Algum tempo depois, Sultan Khan tornou-se servo do coronel Nawab Sir Umar Hayat Khan (Sir Umar), que o levou para Londres e o apresentou à versão europeia do jogo. Uma vez em Londres, Sultan Khan conseguiu se destacar também entre os jogadores do xadrez europeu, para surpresa geral. Em uma carreira internacional que durou menos de cinco anos (1929-1933), ele venceu o Campeonato Britânico três vezes em quatro tentativas (1929, 1932 e 1933) e obteve resultados de torneio que o colocaram entre os dez melhores jogadores do mundo.

Durante o período em que esteve em atividade, Sultan Khan tomou parte em diversos torneios e por três vezes representou a equipe da Inglaterra nas Olimpíadas de Xadrez, jogando de igual para igual mesmo contra os mais fortes oponentes. Entre os seus adversários encontravam-se alguns dos melhores enxadristas do mundo na época, como Alekhine, Capablanca, Flohr, Tartakower, Rubinstein, Marshall, Bogoljubow, dentre outros. 


Sultan Khan (de turbante) enfrentando Rudolph Spielmann


Em relação à força de jogo de Sultan Khan, cálculos feitos pelo Prof. Arpad Elo estimam que sua força de jogo no ápice da carreira era equivalente a 2.530 pontos, ou seja, um nível de maestria compatível com o de um Grande Mestre. Embora ele fosse um dos melhores jogadores do mundo no início da década de 1930, a FIDE nunca lhe concedeu nenhum título. A respeito dele, eis o que escreveram os autores Hooper e Whyld:

“Quando Sultan Khan viajou pela primeira vez para a Europa, seu inglês era tão rudimentar que ele precisava de um intérprete. Incapaz de ler ou escrever, ele nunca estudou nenhum livro sobre o jogo, e ele foi colocado nas mãos de treinadores que também eram seus rivais no jogo. Ele nunca dominou aberturas que, empíricas, não podem ser aprendidas apenas pela aplicação do senso comum. Sob essas circunstâncias adversas, e tendo conhecido o xadrez internacional por meros sete anos, dos quais apenas metade foi gasta na Europa, Sultan Khan estava entre os dez melhores jogadores do mundo. Essa conquista trouxe a admiração de Capablanca, que o chamava de gênio, um elogio que raramente dava”.

E, por falar em Capablanca, provavelmente a partida mais famosa de Sultan Khan é justamente sua vitória contra o ex-Campeão Mundial, no torneio de Hastings de 1930-1931 (segue o link para a referida partida: http://www.chessgames.com/perl/chessgame?gid=1135510).


Sultan Khan, Campeão Britânico de Xadrez (1932)
 
No site Chessgames.com, estão registrados 150 jogos disputados por Sultan Khan, com o retrospecto de 76 vitórias, 42 derrotas e 29 empates, o que resulta em um índice de aproveitamento de 61,6%.

Sultan Khan poderia ter permanecido na Inglaterra e ter feito carreira como enxadrista profissional, mas preferiu voltar com seu amo, Sir Umar, para a Índia, sua terra natal, onde voltou a viver uma vida humilde, parando de jogar. Dizem que, ao ser perguntado sobre o motivo de ter abandonado o xadrez, Sultan Khan teria dito que o xadrez “era um jogo muito difícil”! Se para ele, que conseguiu derrotar o todo-poderoso Capablanca em uma partida de torneio, o xadrez era difícil, imagine para nós, meros capivaras!! Khan faleceu no ano de 1966, aos 61 anos, vítima de tuberculose.

E assim finalizamos nosso texto sobre Mir Malik Sultan Khan, essa figura pitoresca da história do xadrez, por meio do qual procuramos prestar-lhe uma singela e merecida homenagem, afinal não podemos entender como um dos mais talentosos enxadristas de todos os tempos pode ser também um dos menos conhecidos! Espero que tenham gostado, até breve!