"Efim Bogoljubow foi um dos maiores jogadores de sua época, inclusive chegou a jogar as finais pelo campeonato mundial com Alekhine. Era ucraniano de nascimento, mas viveu a maior parte de sua vida na Alemanha. Em uma partida amistosa, jogada contra uma senhora (supostamente a campeã feminina da Alemanha em 1935), se produziu a seguinte situação:
1. e4 e6 2. d4 d5 3. Cc3 dxe4 4. Cxe4 Cd7
5. Cf3 Cgf6 6. Ceg5 Be7 7. Cxf7 Rxf7 8. Cg5+
Bogoljubow, vendo o semblante preocupado de sua oponente, perguntou-lhe o que ocorria, ao que a senhora respondeu:
— Creio que estou perdida, porque se movimento meu rei para e8 ou f8 perco a dama, e se movo para g8, depois de Cxe6 seguido de Cxc7, perco a torre.
Bogoljubow respondeu amavelmente:
— O que podemos fazer, se lhe parecer adequado, é trocar de cores.
A senhora aceitou, encantada. Após isso, a partida continuou.
8. ...Rg8 9. Cxe6 De8 10. Cxc7?? Bb4! mate."
Essa narrativa encontra-se registrada no livro O xadrez dos Grandes Mestres: 400 conselhos para melhorar seu nível enxadrístico, dos autores espanhóis Antonio López Manzano e José Monedero González (Editora Artmed, 2002).
Não sabemos se a história narrada de fato ocorreu ou não, mas decidimos mostrá-la aqui para tentar alertar os leitores a respeito de uma situação relativamente comum:
No decorrer de uma partida de xadrez, vez por outra nos encontramos em uma posição que parece completamente perdida, sem esperanças de salvação. Acontece que, mesmo nessas posições desesperadas, podem existir recursos defensivos ocultos, que, uma vez descobertos, podem mudar o rumo da partida, conforme foi demonstrado por Bogoljubow no diagrama exposto acima.
Portanto, diante de uma posição aparentemente perdida, cabe ao jogador que está em desvantagem tentar descobrir algum desses recursos inesperados, antes de decidir abandonar. Afinal de contas, devemos ter sempre em mente o conselho do célebre Savielly Tartakower: "Jamais ganhei uma partida abandonando-a", isto é, o abandono nunca deve ser feito de forma precipitada!
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