quinta-feira, 11 de junho de 2020

SEÇÃO TALENTOS DO XADREZ PARAIBANO - YASMIN E SARA


Como havíamos anunciado em uma publicação anterior (https://batalhadementes.blogspot.com/2020/05/secao-talentos-do-xadrez-paraibano.html), hoje estamos inaugurando uma nova seção aqui no blog, intitulada "Talentos do xadrez paraibano". A ideia dessa seção é apresentar para a comunidade enxadrística novos talentos do xadrez em nosso estado, especialmente crianças e jovens. E para a nossa primeira postagem, iremos trazer uma entrevista exclusiva com duas promissoras enxadristas, as irmãs Yasmin e Sara Soares de Medeiros, da cidade de Várzea-PB, no sertão paraibano. São duas adolescentes, de 13 e 15 anos, respectivamente, que sob a influência do pai, Sr. Isaac Soares de Medeiros, tiveram o interesse despertado pela Arte de Caíssa. Após alguns anos de treinamento e participações em torneios, Yasmin e Sara colecionam várias conquistas e já despontam como as melhores jogadoras de xadrez da Paraíba, apesar da pouca idade. E o melhor de tudo: a julgar pela motivação e dedicação dessas talentosas jovens, ao que tudo indica elas ainda têm muito a evoluir no domínio do jogo-arte-ciência, para alegria de todos nós, enxadristas paraibanos que torcemos pelo sucesso delas. Pelo fato de serem irmãs, optamos por entrevistá-las juntas. Por meio dessa entrevista, amigo(a) leitor(a), você terá a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a história de vida, a rotina e os projetos dessas duas vencedoras! E agora, sem mais delongas, vamos à entrevista!



ENTREVISTA COM AS IRMÃS YASMIN E SARA SOARES DE MEDEIROS 



Blog BM: Yasmin e Sara, como foi o início de vocês no xadrez?

Sara: Comecei a jogar xadrez entre 4 e 5 anos de idade, ensinada pelo meu pai. Comecei a participar de torneios no ano de 2014, no Circuito Patoense de Xadrez, organizado pelo enxadrista Bruno Paulo. Nessa minha primeira participação, conquistei o 1º lugar feminino na categoria sub-10.

Yasmin: Na minha casa, sempre houve tabuleiros de xadrez montados. Assim, eu me interessei pelo jogo e meu pai me ensinou a jogar.

Blog BM: Qual a importância do seu pai, Sr. Isaac, na sua formação como enxadrista? Alguém mais contribuiu para a sua formação?

Sara: O meu pai foi o principal colaborador na minha formação como enxadrista, pois foi ele que me ensinou a jogar, a ter foco, e a aprender cada vez mais sobre o jogo. A minha mãe também colaborou, me ensinando a não desistir quando as pessoas desconfiavam da minha capacidade. Além dos meus pais, outras pessoas da minha família também me incentivaram a prosseguir no esporte, a exemplo da minha tia Ana, que nos ajudou a participar de torneios e sempre nos deu apoio moral. Por último, alguns enxadristas de Patos também nos ajudaram a participar de torneios, como o Biu (Severino Amâncio).

Yasmin: O meu pai é muito importante porque foi ele que me ensinou a jogar, esteve sempre comigo, me treinando, me incentivando a continuar jogando, me ensinando lições de vida que servem para o xadrez e me ajudando no lado psicológico. Também contribuíram para a minha formação como enxadrista a minha mãe, minha avó, minha tia Ana e outras pessoas da família.

Blog BM: O que mais lhe atrai nesse jogo milenar?

Sara: O que mais me fascina no xadrez é o fato de ser um jogo de raciocínio, um jogo simples mas ao mesmo tempo complicado, em que não basta ter apenas vantagens no tabuleiro; é preciso também ter foco e persistência, porque basta um pequeno erro para o jogo virar.

Yasmin: Eu sempre achei o xadrez um jogo muito interessante... o fato de que um único lance pode mudar toda a posição e a infinidade de possibilidades são as duas coisas que mais me atraem no jogo.




Blog BM: Qual a sua melhor atuação em torneios até hoje?

Sara: Minha melhor atuação foi no Aberto do Brasil Memorial Machado de Assis, realizado em João Pessoa (2019), em que consegui conquistar o 1º lugar feminino, à frente da WFM Suzana Chang, e no Aberto do Brasil Xadrez Potiguar, realizado em Natal (2019), em que joguei apenas quatro rodadas e venci as quatro partidas, finalizando em 7º lugar geral.

Yasmin: Minha melhor atuação foi na etapa nacional dos Jogos Escolares da Juventude, disputada em Blumenau (SC), no ano passado, em que eu conquistei a medalha de bronze.

Blog BM: Como se dá o treinamento e a preparação de vocês para os torneios?

Sara: Costumamos treinar de segunda a sexta-feira, de 1 a 2 horas por dia, intensificando o ritmo de treino quando estamos nos preparando para algum torneio. O treinamento se dá principalmente por meio do uso de computador, e inclui análise de partidas, inclusive partidas dos futuros adversários dos torneios. O foco principal do estudo é a tática, e ao final encerramos jogando duas ou mais partidas.

Yasmin: No nosso treinamento, treinamos tática, jogamos partidas, e ao final delas analisamos o que podemos melhorar.

Blog BM: E a rivalidade entre as irmãs, ela existe? Como vocês lidam com isso?

Sara: A rivalidade existe sim, mas é algo que não nos separa, nem provoca brigas.

Yasmin: A rivalidade só existe nas partidas, nós não a levamos para fora do jogo.




Blog BM: Você acha que o xadrez nos fornece algum ensinamento para a vida? Qual seria o principal deles, na sua opinião?

Sara: Acho que o xadrez nos fornece vários ensinamentos para a vida, mas o que eu levo comigo é o de nunca desistir quando as coisas ficam feias, porque sempre existe "uma luz no final do túnel", como muitos dizem.

Yasmin: Na minha opinião, o principal ensinamento que o xadrez nos fornece é a tomada de decisões. Assim como na vida, precisamos tomar decisões que nem sempre sabemos onde vão dar, mas não podemos ficar parados, porque o tempo não para.

Blog BM: Você tem algum ídolo no xadrez? Quem seria ele(a), e porque você o(a) admira?

Sara: Tenho um ídolo que é o Mikhail Tal. Eu gosto muito do estilo de jogo dele, porque ele se arriscava, sem ter medo, e seguia a intuição. Ele me inspira a fazer lances que às vezes eu não sei onde vão dar. Essa é a parte legal do xadrez divertido, jogar sem ter medo de errar ou perder, se arriscando, e, se houver erro, a gente aprende com ele.

Yasmin: Eu gosto de muitos jogadores, e acho muito interessante o jogo de Magnus Carlsen, porém não tenho nenhum ídolo.

Blog BM: O que vocês acham do xadrez pela internet? Costumam jogar on-line?

Sara: Eu gosto de jogar pela internet, jogo todos os dias, durante o treinamento. O xadrez on-line é uma ferramenta de treinamento muito eficaz, se bem que o xadrez presencial é bem mais emocionante. 

Yasmin: Gosto bastante do xadrez on-line, porque consigo jogar com pessoas que estão longe, de diferentes idades e diferentes níveis de força.




Blog BM: Quais os seus projetos para o futuro em relação ao xadrez?

Sara: Eu tenho muita vontade de futuramente conseguir um título, seja ele de Mestra Nacional, Mestra Internacional ou até mesmo de Grande Mestra. Esse é um sonho para o futuro, venho treinando para isso. Também adoraria ter a minha própria academia de xadrez, onde eu pudesse ensinar tudo aquilo que eu vim aprendendo durante anos. Seria uma forma de passar para as outras pessoas todo esse conhecimento.

Yasmin: Não pretendo escolher o xadrez como um trabalho, quero praticá-lo para competir e para me divertir.

Blog BM: O meio enxadrístico sempre foi um ambiente dominado por homens. Na opinião de vocês, quais os motivos que levam a maioria das mulheres a não se interessar pelo xadrez, e o que pode ser feito para mudar isso?

Sara: Acho que pode ser porque as mulheres costumam ser vaidosas e se preocupam muito com a beleza e com a aparência física, e o xadrez, por ser um jogo de raciocínio, visto por muitas pessoas como um jogo "chato" e só para "nerds", acaba não atraindo as mulheres. Para tentar resolver essa falta de interesse, acho que seria preciso chamar mais a atenção das mulheres para o xadrez, divulgando o esporte na mídia e promovendo um maior número de torneios femininos, bem como aumentando as premiações para as mulheres nos torneios mistos.

Yasmin: Como os seres humanos são sociáveis, acredito que pelo fato de não haver muitas mulheres no xadrez, algumas acabam desistindo de praticá-lo. Acho que poderia ajudar se houvesse mais torneios femininos.

Blog BM: Ao encerrarmos a entrevista, gostaria que vocês deixassem uma mensagem para os leitores do blog.

Sara: A minha mensagem é a de que se você é uma pessoa que gosta ou que quer aprender a jogar xadrez, eu acho que você deve seguir em frente, porque o xadrez é um jogo magnífico e fascinante, que nos ajuda em vários sentidos.

Yasmin: A mensagem que eu deixo é: ao longo do caminho você pode perder algumas partidas e desanimar, mas não desanime... procure encarar as derrotas não como uma coisa ruim, e sim como uma oportunidade de aprendizado.




E assim, amigo(a)s, chegamos ao fim da entrevista com as irmãs Sara e Yasmin Soares de Medeiros, duas enxadristas de grande futuro. Esperamos que vocês tenham gostado. Certamente muitas outras perguntas interessantes poderiam ter sido feitas, mas poderemos deixá-las para uma outra oportunidade, para não alongarmos demais esta matéria. Aproveito para prestar meus agradecimentos às meninas, pela disponibilidade em conceder a entrevista ao blog, como também ao pai delas, Sr. Isaac, por autorizar a entrevista. E vou também aproveitar para pedir a colaboração dos leitores a fim de podermos prosseguir com as postagens da Seção Talentos do Xadrez Paraibano: se você reside na Paraíba e é professor de xadrez ou tem um filho ou parente, criança ou adolescente, que apresenta um desempenho acima da média no xadrez, entre em contato conosco nos comentários, para que possamos verificar a possibilidade de publicar uma matéria sobre esse jovem talento. Obrigado a todos pela atenção e até breve!

3 comentários:

  1. Muito boa a entrevista.
    Amo essas princesinhas. Mesmo já fazendo história no xadrez paraibano e nacional, não perderam a simplicidade e humildade. Exemplos a ser seguido...❤️

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  2. Essas meninas são sensacionais. Tem um grande futuro não apenas como enxadristas, mas, como mulheres que poderão dar boas contribuições para a ciência e para a sociedade. Me fascina a capacidade de pensar delas e a consciência política e social. Além de esportistas são estudiosas, atenciosas e fascinantes. São meus amores!

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  3. Meninas ótimas, em Jacaraú também há um grande talento. Ellen Pereira.

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