Como
havíamos anunciado em uma publicação anterior (https://batalhadementes.blogspot.com/2020/05/secao-talentos-do-xadrez-paraibano.html),
hoje estamos inaugurando uma nova seção aqui no blog, intitulada "Talentos do xadrez paraibano". A
ideia dessa seção é apresentar para a comunidade enxadrística novos talentos do
xadrez em nosso estado, especialmente crianças e jovens. E para a nossa
primeira postagem, iremos trazer uma entrevista exclusiva com duas promissoras
enxadristas, as irmãs Yasmin e Sara Soares de Medeiros, da cidade de Várzea-PB,
no sertão paraibano. São duas adolescentes, de 13 e 15 anos, respectivamente,
que sob a influência do pai, Sr. Isaac Soares de Medeiros, tiveram o interesse
despertado pela Arte de Caíssa. Após alguns anos de treinamento e participações
em torneios, Yasmin e Sara colecionam várias conquistas e já despontam como as
melhores jogadoras de xadrez da Paraíba, apesar da pouca idade. E o melhor de
tudo: a julgar pela motivação e dedicação dessas talentosas jovens, ao que tudo
indica elas ainda têm muito a evoluir no domínio do jogo-arte-ciência, para
alegria de todos nós, enxadristas paraibanos que torcemos pelo sucesso delas.
Pelo fato de serem irmãs, optamos por entrevistá-las juntas. Por meio dessa
entrevista, amigo(a) leitor(a), você terá a oportunidade de conhecer um pouco
mais sobre a história de vida, a rotina e os projetos dessas duas vencedoras! E
agora, sem mais delongas, vamos à entrevista!
ENTREVISTA COM AS IRMÃS YASMIN E SARA SOARES DE MEDEIROS
Blog BM: Yasmin
e Sara, como foi o início de vocês no xadrez?
Sara: Comecei
a jogar xadrez entre 4 e 5 anos de idade, ensinada pelo meu pai. Comecei a
participar de torneios no ano de 2014, no Circuito Patoense de Xadrez,
organizado pelo enxadrista Bruno Paulo. Nessa minha primeira participação,
conquistei o 1º lugar feminino na categoria sub-10.
Yasmin: Na
minha casa, sempre houve tabuleiros de xadrez montados. Assim, eu me interessei
pelo jogo e meu pai me ensinou a jogar.
Blog BM: Qual a
importância do seu pai, Sr. Isaac, na sua formação como enxadrista? Alguém mais
contribuiu para a sua formação?
Sara: O meu
pai foi o principal colaborador na minha formação como enxadrista, pois foi ele
que me ensinou a jogar, a ter foco, e a aprender cada vez mais sobre o jogo. A
minha mãe também colaborou, me ensinando a não desistir quando as pessoas
desconfiavam da minha capacidade. Além dos meus pais, outras pessoas da minha
família também me incentivaram a prosseguir no esporte, a exemplo da minha tia
Ana, que nos ajudou a participar de torneios e sempre nos deu apoio moral. Por
último, alguns enxadristas de Patos também nos ajudaram a participar de
torneios, como o Biu (Severino Amâncio).
Yasmin: O meu
pai é muito importante porque foi ele que me ensinou a jogar, esteve sempre
comigo, me treinando, me incentivando a continuar jogando, me ensinando lições
de vida que servem para o xadrez e me ajudando no lado psicológico. Também
contribuíram para a minha formação como enxadrista a minha mãe, minha avó,
minha tia Ana e outras pessoas da família.
Blog BM: O que
mais lhe atrai nesse jogo milenar?
Sara: O que
mais me fascina no xadrez é o fato de ser um jogo de raciocínio, um jogo
simples mas ao mesmo tempo complicado, em que não basta ter apenas vantagens no
tabuleiro; é preciso também ter foco e persistência, porque basta um pequeno
erro para o jogo virar.
Yasmin: Eu
sempre achei o xadrez um jogo muito interessante... o fato de que um único
lance pode mudar toda a posição e a infinidade de possibilidades são as duas
coisas que mais me atraem no jogo.
Blog BM: Qual a
sua melhor atuação em torneios até hoje?
Sara: Minha
melhor atuação foi no Aberto do Brasil Memorial Machado de Assis, realizado em
João Pessoa (2019), em que consegui conquistar o 1º lugar feminino, à frente da
WFM Suzana Chang, e no Aberto do Brasil Xadrez Potiguar, realizado em Natal
(2019), em que joguei apenas quatro rodadas e venci as quatro partidas,
finalizando em 7º lugar geral.
Yasmin: Minha
melhor atuação foi na etapa nacional dos Jogos Escolares da Juventude, disputada em Blumenau
(SC), no ano passado, em que eu conquistei a medalha de bronze.
Blog BM: Como se
dá o treinamento e a preparação de vocês para os torneios?
Sara:
Costumamos treinar de segunda a sexta-feira, de 1 a 2 horas por dia,
intensificando o ritmo de treino quando estamos nos preparando para algum
torneio. O treinamento se dá principalmente por meio do uso de computador, e
inclui análise de partidas, inclusive partidas dos futuros adversários dos
torneios. O foco principal do estudo é a tática, e ao final encerramos jogando
duas ou mais partidas.
Yasmin: No
nosso treinamento, treinamos tática, jogamos partidas, e ao final delas
analisamos o que podemos melhorar.
Blog BM: E a
rivalidade entre as irmãs, ela existe? Como vocês lidam com isso?
Sara: A
rivalidade existe sim, mas é algo que não nos separa, nem provoca brigas.
Yasmin: A
rivalidade só existe nas partidas, nós não a levamos para fora do jogo.
Blog BM: Você
acha que o xadrez nos fornece algum ensinamento para a vida? Qual seria o
principal deles, na sua opinião?
Sara: Acho
que o xadrez nos fornece vários ensinamentos para a vida, mas o que eu levo
comigo é o de nunca desistir quando as coisas ficam feias, porque sempre existe
"uma luz no final do túnel", como muitos dizem.
Yasmin: Na
minha opinião, o principal ensinamento que o xadrez nos fornece é a tomada de
decisões. Assim como na vida, precisamos tomar decisões que nem sempre sabemos
onde vão dar, mas não podemos ficar parados, porque o tempo não para.
Blog BM: Você
tem algum ídolo no xadrez? Quem seria ele(a), e porque você o(a) admira?
Sara: Tenho
um ídolo que é o Mikhail Tal. Eu gosto muito do estilo de jogo dele, porque ele
se arriscava, sem ter medo, e seguia a intuição. Ele me inspira a fazer lances
que às vezes eu não sei onde vão dar. Essa é a parte legal do xadrez divertido,
jogar sem ter medo de errar ou perder, se arriscando, e, se houver erro, a
gente aprende com ele.
Yasmin: Eu
gosto de muitos jogadores, e acho muito interessante o jogo de Magnus Carlsen,
porém não tenho nenhum ídolo.
Blog BM: O que
vocês acham do xadrez pela internet? Costumam jogar on-line?
Sara: Eu
gosto de jogar pela internet, jogo todos os dias, durante o treinamento. O
xadrez on-line é uma ferramenta de treinamento muito eficaz, se bem que
o xadrez presencial é bem mais emocionante.
Yasmin: Gosto
bastante do xadrez on-line, porque consigo jogar com pessoas que estão
longe, de diferentes idades e diferentes níveis de força.
Blog BM: Quais
os seus projetos para o futuro em relação ao xadrez?
Sara: Eu
tenho muita vontade de futuramente conseguir um título, seja ele de Mestra
Nacional, Mestra Internacional ou até mesmo de Grande Mestra. Esse é um sonho
para o futuro, venho treinando para isso. Também adoraria ter a minha própria
academia de xadrez, onde eu pudesse ensinar tudo aquilo que eu vim aprendendo
durante anos. Seria uma forma de passar para as outras pessoas todo esse
conhecimento.
Yasmin: Não
pretendo escolher o xadrez como um trabalho, quero praticá-lo para competir e
para me divertir.
Blog BM: O meio
enxadrístico sempre foi um ambiente dominado por homens. Na opinião de vocês,
quais os motivos que levam a maioria das mulheres a não se interessar pelo
xadrez, e o que pode ser feito para mudar isso?
Sara: Acho
que pode ser porque as mulheres costumam ser vaidosas e se preocupam muito com
a beleza e com a aparência física, e o xadrez, por ser um jogo de raciocínio,
visto por muitas pessoas como um jogo "chato" e só para
"nerds", acaba não atraindo as mulheres. Para tentar resolver essa
falta de interesse, acho que seria preciso chamar mais a atenção das mulheres
para o xadrez, divulgando o esporte na mídia e promovendo um maior número de
torneios femininos, bem como aumentando as premiações para as mulheres nos
torneios mistos.
Yasmin: Como os
seres humanos são sociáveis, acredito que pelo fato de não haver muitas
mulheres no xadrez, algumas acabam desistindo de praticá-lo. Acho que poderia
ajudar se houvesse mais torneios femininos.
Blog BM: Ao
encerrarmos a entrevista, gostaria que vocês deixassem uma mensagem para os
leitores do blog.
Sara: A minha
mensagem é a de que se você é uma pessoa que gosta ou que quer aprender a jogar
xadrez, eu acho que você deve seguir em frente, porque o xadrez é um jogo
magnífico e fascinante, que nos ajuda em vários sentidos.
Yasmin: A
mensagem que eu deixo é: ao longo do caminho você pode perder algumas partidas
e desanimar, mas não desanime... procure encarar as derrotas não como uma coisa
ruim, e sim como uma oportunidade de aprendizado.
E assim, amigo(a)s, chegamos ao fim da
entrevista com as irmãs Sara e Yasmin Soares de Medeiros, duas enxadristas de
grande futuro. Esperamos que vocês tenham gostado. Certamente muitas outras perguntas interessantes poderiam ter sido feitas, mas poderemos deixá-las para uma outra oportunidade, para não alongarmos demais esta matéria. Aproveito para prestar meus
agradecimentos às meninas, pela disponibilidade em conceder a entrevista ao
blog, como também ao pai delas, Sr. Isaac, por autorizar a entrevista. E vou
também aproveitar para pedir a colaboração dos leitores a fim de podermos
prosseguir com as postagens da Seção Talentos do Xadrez Paraibano: se você
reside na Paraíba e é professor de xadrez ou tem um filho ou parente, criança
ou adolescente, que apresenta um desempenho acima da média no xadrez, entre em
contato conosco nos comentários, para que possamos verificar a possibilidade de
publicar uma matéria sobre esse jovem talento. Obrigado a todos pela atenção e
até breve!
Muito boa a entrevista.
ResponderExcluirAmo essas princesinhas. Mesmo já fazendo história no xadrez paraibano e nacional, não perderam a simplicidade e humildade. Exemplos a ser seguido...❤️
Essas meninas são sensacionais. Tem um grande futuro não apenas como enxadristas, mas, como mulheres que poderão dar boas contribuições para a ciência e para a sociedade. Me fascina a capacidade de pensar delas e a consciência política e social. Além de esportistas são estudiosas, atenciosas e fascinantes. São meus amores!
ResponderExcluirMeninas ótimas, em Jacaraú também há um grande talento. Ellen Pereira.
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