sábado, 25 de maio de 2019

O XADREZ COMO CIÊNCIA - III


Como havíamos dito, o livro Analyse du jeu des échecs (foto), de Philidor, inaugurou uma nova forma de pensar o xadrez. Naquela época, vigoravam no mundo enxadrístico as ideias da chamada Escola Antiga, cujos representantes jogavam buscando desenvolver suas peças rapidamente e logo em seguida realizavam ataques diretos contra o rei adversário, esforçando-se para desfechar o xeque-mate o mais cedo possível. Esse estilo de jogo caracterizava-se pelas ousadas combinações (muitas vezes incorretas!), pelos frequentes gambitos e pela ausência de planos mais elaborados.

Foi então que Philidor introduziu uma visão científica da estratégia enxadrística, sendo o primeiro jogador a propor um "plano posicional" como norteador dos lances, ao destacar a importância da estrutura de peões na evolução de uma partida, traduzida em seu célebre ensinamento: "Os peões são a alma do xadrez; de seu posicionamento correto ou equivocado depende o sucesso do ataque ou da defesa; a arte de jogar com eles decide o destino da partida". Foi ele também o primeiro a sujeitar as aberturas a um estudo sistemático e científico e a traçar alguns dos princípios gerais de jogo, assentando as bases das futuras escolas posicionais, antecipando-se a Nimzowitsch nos conceitos de bloqueio, prevenção e sacrifício posicional.

Philidor foi verdadeiramente um gênio, um jogador muito à frente de seu tempo!




Nenhum comentário:

Postar um comentário