Todo praticante da Arte de Caíssa conhece - ou pelo menos deveria conhecer - a famosa regra que diz: "Peça tocada, peça jogada". Essa é uma regra que deve ser rigorosamente cumprida em qualquer partida de xadrez, seja ela oficial ou amistosa. Ao tocar numa peça, o jogador demonstra sua intenção de efetuar o lance, por isso a peça tocada deve ser obrigatoriamente movida, ainda que isso custe a partida. Mas e se esse toque na peça for acidental? Sabemos que pode acontecer de o enxadrista querer jogar com uma peça e esbarrar em outra, principalmente quando ainda há muitas peças sobre o tabuleiro. Essa situação ocorreu no último encontro presencial entre enxadristas da minha cidade, no domingo passado. O jogador a quem cabia fazer o lance estava com a dama atacada por uma torre adversária, e quando ele se preparou para livrá-la do ataque, sua mão tocou acidentalmente em um peão que estava ao lado da dama. Iniciou-se então um debate para decidir se esse toque "de raspão" no peão geraria a obrigatoriedade de se jogar com ele. Na ocasião, eu defendi a opinião de que o toque, mesmo acidental, provoca a obrigação de jogar com a peça tocada, mas não é isto o que dizem as regras do xadrez.
A lei do xadrez atualmente em vigor, em seu artigo 4º, referente ao ato de mover as peças, mais precisamente no item 4.2.2, expressa que: 4.2.2 Qualquer outro contato físico com uma peça, exceto no caso de contato claramente acidental, deve ser considerado como intencional (grifo meu). Em outras palavras: quando o toque for acidental, o jogador não será obrigado a mover a peça tocada. No caso da partida mencionada, como o adversário do jogador que cometeu o toque acidental não exigiu que o lance de peão fosse executado, a partida prosseguiu normalmente. Por se tratar de uma situação que pode gerar dúvidas entre os amigos enxadristas, resolvi compartilhá-la aqui no blog, fazendo o devido esclarecimento a fim de elucidar a questão. Contudo, é importante que vocês, quando estiverem jogando sem a presença de um árbitro, tomem cuidado para não tocar em peças que não pretendem mover, para evitar possíveis conflitos com o adversário. Fica a dica!
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