Em nossa última postagem, falamos a respeito do aniversário de nascimento do GM Mikhail Tal, que se estivesse entre nós estaria completando 84 anos de idade. Como escrevi naquela publicação, não escondo a admiração que sinto pelo "Mago de Riga", e quanto mais leio a respeito dele, mais essa admiração aumenta. São numerosos na literatura enxadrística os depoimentos acerca da sua personalidade alegre, do seu caráter amigável, da sua notável inteligência e do seu refinado senso de humor. Os que tiveram o privilégio de conviver com Misha, como ele era carinhosamente chamado, costumam afirmar que ele estava sempre de bom-humor, rindo e contando piadas. Sua alegria era contagiante e seu carisma inigualável. Por tudo isso, estou convencido de que Mikhail Tal foi o enxadrista mais amado da história do xadrez! O trecho transcrito a seguir, retirado do 2º volume da obra Meus Grandes Predecessores, de Kasparov, nos traça um breve retrato da sua personalidade e evidencia o modo especial como Tal se relacionava com as pessoas, caracterizando-o como um antípoda do seu antecessor Botvinnik, em termos de comportamento:
"Em lugar do estrito, sério, ascético cientista, havia conquistado a coroa um genuíno artista do tabuleiro, um homem audaz, simpático e engenhoso. 'Misha comumente expressava seus pensamentos em forma aforística, encontrava palavras especiais, vívidas para eles', recorda Yuri Averbakh. 'Tinha talento para a amizade e sabia fazer as pessoas felizes, sobretudo em jantares e banquetes'. [...] Durante os dias do match [pelo Campeonato Mundial de 1960], as pessoas se apinhavam nas calçadas da avenida Tverskaya e na entrada do Teatro Pushkin [em Moscou], assistindo às partidas em um enorme tabuleiro mural. Milhares de pessoas receberam Tal na estação de Riga, e os mais entusiasmados o ergueram nos ombros desde o trem e, aos gritos de 'Misha, você é um gênio!', o levaram até a praça da estação, onde teve lugar uma grande comemoração."
Que relato empolgante, hein amigo(a)s? A foto abaixo reproduz exatamente o momento narrado no livro de Kasparov, em que Tal é carregado nos ombros pela multidão, após a conquista do título mundial de xadrez. Esse deve ter sido, sem dúvida, um dos instantes mais marcantes na vida do genial Mago de Riga! Sinceramente, não conheço na literatura enxadrística nenhum outro registro em que um enxadrista tenha sido tratado de forma tão calorosa pelos seus amigos e admiradores, depois de uma vitória! Muitos outros jogadores foram admirados e queridos ao longo dos tempos, mas certamente não com a mesma intensidade com que foi amado o grande Mikhail Tal!
Pra mim, Mikail Tal, o Mago de Riga, foi simplesmente o maior enxadrista até então conhecido.
ResponderExcluirO Luiz, em seu post, o definiu muito bem, brincalhão e arteiro.
Isso mesmo, pura e simples arte de jogar, assim definia o próprio Misha.
Não conheço nenhum outro jogador que se equipare a ele nestes termos, são todos frios e calculistas.
Parabéns pelo trabalho.