quinta-feira, 5 de novembro de 2020

THE QUEEN'S GAMBIT, UM SUCESSO ESTRONDOSO

 

A minissérie The Queen's Gambit (ou O Gambito da Rainha, em português), que foi ao ar pela Netflix no final do mês passado, vem fazendo grande sucesso, para surpresa e satisfação dos fãs do xadrez no mundo todo. A minissérie é baseada no romance homônimo, de Walter Tevis. Ao contrário de outras obras midiáticas que abordam o nobre jogo, e que se revelaram relativos fiascos de audiência, The Queen's Gambit teve uma ótima aceitação por parte do público em geral, recebendo muitos elogios e críticas positivas: ela atingiu a incrível marca de 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes, tornando-se uma das séries mais bem avaliadas da história da Netflix! Ela também foi muito bem avaliada pela crítica especializada: na opinião dos críticos, The Queen's Gambit é a melhor minissérie de 2020. Todo esse sucesso não deixa de ser surpreendente, afinal o xadrez nunca foi um jogo "atraente" para o grande público, sendo considerado por muitas pessoas como um jogo "chato" ou "para velhos", provavelmente por causa da postura inerte dos jogadores e pela ênfase na atividade mental em detrimento da atividade física. Acredito que vários fatores contribuíram para o sucesso da minissérie: além da boa qualidade da história, do elenco e da produção, temos pela primeira vez uma mulher disputando o lugar mais alto do ranking mundial em um esporte desde sempre dominado por homens. Essa quebra de paradigma pode ter estimulado o público feminino a acompanhar a trajetória da protagonista Beth Harmon, a fim de buscar inspiração nesses tempos difíceis, em que as mulheres ainda lutam por afirmação na sociedade e pela igualdade de direitos. Já para o público masculino que não se interessa por xadrez, certamente um atrativo especial para assistir à minissérie foi a beleza da atriz principal, a cativante e talentosa Anya Taylor-Joy. Fico feliz com o sucesso dessa grandiosa produção, e espero que The Queen's Gambit possa conquistar muitos novos praticantes para o nosso querido esporte! 

 

The Queen's Gambit, um grande sucesso de público e crítica

 

Para finalizar esta matéria, iremos apresentar um artigo publicado no site do GM Rafael Leitão, em que ele nos mostra 5 motivos pelos quais devemos assistir à minissérie The Queen's Gambit. Confiram!


5 Motivos Para Assistir “O Gambito da Rainha” – A Nova Série da Netflix*

 

A série “O Gambito da Rainha” (Netflix) foi lançada recentemente e despertou o interesse de enxadristas em todo o Brasil. A produção conta a história (de ficção) da enxadrista Beth Harmon rumo ao topo do xadrez mundial.

A série foi baseada na obra de Walter Tevis (1983). Scott Franck e Allan Scott são os produtores da atual versão e, segundo Leontxo Garcia (El País), contaram com os conselhos técnicos de Garry Kasparov e do técnico Bruce Pandolfini.

“O Gambito da Rainha” tem algumas distorções com relação ao mundo do xadrez “real”, mas licenças poéticas eram esperadas para que a produção ficasse acessível àqueles que não tem conhecimento sobre xadrez.

De todo modo, a série possui muitas coisas positivas e 5 delas você vai descobrir agora:

1- Beth Evoluiu Estudando os Clássicos

Apesar de nos primeiros episódios a série tratar a enxadrista como um prodígio que evoluiu vendo o tabuleiro e os movimentos das peças no teto, a série ganha contornos de realidade com a evolução acontecendo através de um método acessível a todos: o estudo dos clássicos.

Beth Harmon busca livros de partidas para evoluir. Como a série se passa na década de 1960, suas referências são José Raúl Capablanca, Alexander Alekhine e Mikhail Botvinnik. Os enxadristas americanos, Paul Morphy e Samuel Reshevsky, também são lembrados.

2- A Série Aborda o “Machismo” no Xadrez

“Xadrez não é para meninas!” Essa foi uma das frases machistas que a personagem escutou no início da carreira. Jogando, majoritariamente, contra adversários do sexo masculino, “O Gambito da Rainha” também sugere uma importante reflexão a respeito do machismo em torneios de xadrez.

3- Imortal de Morphy

Voltando a falar dos clássicos, em uma das vitórias de Beth Harmon, os produtores decidiram fazer referência a imortal de Paul Morphy contra o Duke of Brunswick. Na série, Beth aparece efetuando o lance 18. Db8+ Cxb8 e 19.Td8#. Sem dúvida uma bonita homenagem ao lendário enxadrista. Mas atenção, você precisa estar bem atento para perceber isso.

4- A Importância de uma Boa Condição Física

Mais um tema relevante tratado durante a série. Quem nunca foi convidado para tomar aquele vinho excelente na noite anterior a uma partida importante? Beth Harmon teve problemas sérios com o alcoolismo e a série mostra como cuidar da saúde é importante para ter bons resultados no xadrez.

5- Referência Oculta a Bobby Fischer

Nessa primeira temporada, em nenhum momento a série cita o nome de Bobby Fischer. Porém, a saga de Beth Harmon contra os soviéticos lembra muito a jornada de Bobby Fischer no Campeonato Mundial de 1972.

Além disso, quando Beth Harmon chega em uma praça e se depara com vários senhores, surge um personagem muito semelhante fisicamente a Bobby Fischer no fim da vida.

 

* Artigo do GM Rafael Leitão originalmente publicado em: https://rafaelleitao.com/gambito-da-rainha/.


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