A personalidade
do xadrez brasileiro que iremos destacar neste mês de junho é o célebre João Caldas Viana
Neto, considerado o melhor enxadrista brasileiro do século XIX e das duas primeiras
décadas do século XX.
Nascido na
cidade de Campos-RJ, no dia 04/09/1862, Caldas Viana pertencia a uma família
nobre, sendo filho do Visconde de Pirapetinga (João Caldas Viana Filho), um
frequentador da corte imperial e amigo de D. Pedro II. Iniciou-se no xadrez nos
clubes administrados pelo pai, que também era um apaixonado pelo jogo, na então
capital federal (Rio de Janeiro).
João Caldas Viana Neto (1862-1931) |
O jornalista e
escritor Waldemar Costa, na sua monumental obra Epopeia do
Campeonato Brasileiro de Xadrez: 1927-2008, assim se refere a Caldas Viana:
“Informalmente,
foi o primeiro mestre internacional do Brasil. Na época, não existia
oficialmente o título de MI e nem a FIDE [...]. Mas a opinião pública
outorgava-o a jogadores que se destacavam no cenário mundial. Caldas Viana fez
jus ao título por sua carreira enxadrística, principalmente por ter empatado
com o forte mestre alemão Richard Teichmann (1868-1925), quando da passagem
deste pelo Rio de Janeiro. Também por ser Caldas Viana um problemista de renome
internacional”. Além de forte jogador e compositor de problemas, ele
também se notabilizou como teórico, tendo sido o criador da Variante Rio de
Janeiro da Defesa Berlinesa na Abertura Ruy Lopez, que mereceu os elogios do
então Campeão Mundial Emanuel Lasker.
Caldas Viana foi o protagonista de uma
brilhante partida de ataque, que foi batizada de “A Imortal Brasileira”. Tal
partida foi disputada no ano de 1900, no Clube de Xadrez do Rio de Janeiro,
contra o jogador Silvestre de Barros, que conduzia as peças negras. Ela
proporcionou fama internacional a Caldas Viana, ao ser publicada em
antologias e em estudos enxadrísticos mundo afora. Acompanhe essa famosa
partida aqui: http://www.chessgames.com/perl/chessgame?gid=1485703
A morte de
Caldas Viana ocorreu no dia 04 de outubro de 1931, e repercutiu em toda a
América do Sul. A revista El Ajedrez Americano, da Argentina, em seu n.º
50 (novembro/1931), dedicou uma matéria de duas páginas ao enxadrista
brasileiro recém-falecido, atribuindo-lhe o título de “Patriarca do Xadrez Sulamericano”. No
Rio de Janeiro, foi criado em sua homenagem um torneio disputado anualmente, a
Prova Clássica João Caldas Viana, que durante muito tempo despertou mais
interesse dos enxadristas, dos organizadores e da imprensa do que o Campeonato Brasileiro. Caldas Viana também foi homenageado ao ter seu nome utilizado para batizar um importante clube de xadrez em João Pessoa-PB, a Academia de
Xadrez Caldas Viana, que funciona na residência do atual Presidente da
Federação Paraibana de Xadrez, Fernando Melo.
Enxadristas disputando um torneio na tradicional Academia Caldas Viana, em João Pessoa |
O
homenageado do mês de julho da seção Personalidades do Xadrez Brasileiro será João
de Souza Mendes Júnior, o primeiro Campeão Brasileiro de Xadrez!
Precisamos saber mais dos grandes que nos antecederam! Parabéns pelo artigo!
ResponderExcluirExato, Wagner. E foi justamente por esse motivo que eu resolvi criar aqui no blog a Seção Personalidades do Xadrez Brasileiro, cujo objetivo é resgatar a memória de notáveis cultores do enxadrismo nacional, que viveram no século XIX e no século XX, e que hoje infelizmente caíram no quase total esquecimento. A cada mês irei apresentar uma dessas figuras notáveis,obrigado por acompanhar.
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