Nesta postagem da Seção Xadrez nas Artes, queremos brindar os leitores do blog com um belíssimo poema escrito pelo saudoso MI Hélder Câmara, que forma, juntamente com seu irmão Ronald Câmara, a dupla dos melhores escritores brasileiros de xadrez, na minha humilde opinião, pela elegância do estilo e notável erudição.
Segue abaixo o referido poema, um soneto* intitulado "Caíssa", que certamente deve ter sido inspirado em um soneto famoso, "Língua Portuguesa", do imortal Olavo Bilac*:
CAÍSSA
Lúcida flor da Trácia, esquiva e bela,
és sedução, és êxtase e agonia:
seiva de que se nutre a fantasia,
sombra anunciadora da procela.
Em tua essência pronto se revela
O amargo sonho, a glória fugidia
E essa esperança vã de que algum dia
Possa brilhar mais alto a nossa estrela.
E tu, serena esfinge, indiferente
à pequenez dos nossos desagravos,
revela-nos co´o teu sorriso ausente
Que no jogo dos Reis - eis a verdade -
nós não passamos de ínfimos escravos
ante o clarão de tua majestade.
(Hélder Câmara - São Paulo, 2003).
* Soneto: Composição poética de forma fixa, composta por 14 versos, divididos em dois quartetos e dois tercetos.
*Olavo Bilac: Poeta brasileiro filiado ao Parnasianismo. O soneto "Língua Portuguesa" é um dos mais conhecidos poemas de sua autoria. O leitor poderá acessá-lo por meio do link: http://www.jornaldepoesia.jor.br/bilac1.html#lingua
Ao lê-lo, é impossível não notar a semelhança existente com o soneto escrito por Hélder Câmara.
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